quinta-feira, 17 de outubro de 2013

XVII Encontro SOCINE

Entre os dias 08 e 11 de Outubro de 2013 aconteceu o XVII Encontro da SOCINE - Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. O encontro aconteceu na Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina, em Palhoça/SC.



Duas integrantes do Ubitec participaram do encontro, assistindo a mesas temáticas e apresentando seus trabalhos em Painéis, espaços destinados a mestrandos.

Liana Gross Furini apresentou seu trabalho intitulado "A pirataria enquanto meio de acesso aos filmes underground", que falou sobre a influência da internet na forma de circulação de material audiovisual fora do circuito popular. Esse trabalho foi apresentado no painel Estudos Sobre Televisão e Internet, com a coordenação de Vicente Gosciola, da UAM.

Vanessa Valiati participou do evento com a apresentação do trabalho intitulado Multidão e arte: o financiamento coletivo de obras audiovisuais, na mesa Políticas de Produção, Distribuição e Circulação do Cinema. O estudo apresentado aborda as características de filmes financiados via crowdfunding, as estratégias utilizadas e a aplicação como possibilidade de financiamento para projetos de baixo orçamento no meio audiovisual nacional. 

O encontro contou, ainda, com mesas temáticas interessantes e palestras enriquecedoras, como a de Roger Odin (Université Sorbonne Nouvelle), que falou sobre  a importância dos filmes amadores, em nível social, político e histórico, e questionou a preservação dessas produções na época do digital e do celular.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Terceiro Encontro de Ubiquidade Tecnológica

No último dia 25 de setembro o Grupo Ubitec – Grupo de Estudos em Ubiquidade Tecnológica vinculado ao PPGCOM da PUCRS realizou o Terceiro Encontro de Ubiquidade Tecnológica, que aconteceu no auditório da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS.


Na sua terceira edição, o evento buscou responder a pergunta: “O que é ubiquidade, afinal?”. Para isso, contamos com 3 mesas compostas por profissionais e pesquisadores de todo o país e uma palestra de encerramento com o professor John Mills, da universidade de UcLan, da Inglaterra.

O tema da primeira mesa foi Ubiquidade, Ativismo e Redes Sociais. Essa mesa foi composta pela Professora Dra. Raquel Recuero, da UCPel, pelo Professor Dr. Renato Della Vechia, da UCPel e pelo Professor Dr. Henrique Antoun, da UFRJ.






A segunda mesa teve como assunto Ubiquidade, Tecnologias Digitais e Práticas culturais, composta pela Professora Dra. Paula Puhl, da PUCRS, pela Professora Dra. Sandra Montardo, da Feevale e pelo Professor Dr. Theophilos Rifiotis, da UFSC.




A terceira mesa do dia tratou de Ubiquidade, Espaços Urbanos e Tecnologias Móveis. Fizeram parte dessa mesa a professora Dra. Fernanda Bruno, da UFRJ e a professora Dra. Renata Lemos, da IESB.




Para encerrar o evento, o Professor MSc. John Mills, da UcLan, da Inglaterra, falou sobre os seus projetos Bespoke e Interactive Newsprint, e mostrou um protótipo do jornal interativo, criado na universidade pelo grupo que ele coordena.





Queremos agradecer a presença de todos os que participaram do evento, e esperamos ter atingido as expectativas. Agradecemos também ao Professor Dr. Eduardo Pellanda, professor orientador do Ubitec, e ao Professor Dr. Andre Pase, que colaborou muito para a organização do evento.




Ano que vem tem mais!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Differential Mobilities: ou a face escondida da mobilidade

Nos dias 8, 9, 10 e 11 de maio aconteceu na Concordia University o Differential Mobilities. Eu tive a oportunidade de participar informalmente de alguns dos painéis (infelizmente não consegui acesso aos GTs), dos professores Jason Lewis e Skawennati Fragnito, da própria Concordia com Aboriginal Territories in Cyberspace, da professora Giselle Beiguelman, presença brasileira representando a FAU-USP, com Mobile Goes Post-Virtual, e Micha Cárdenas, da University of Southern California, com Local Autonomy Networks - Autonets: Healing is our Response.

O mote do evento era falar sobre tecnologia e comunicação em rede enquanto ferramentas de emancipação e transformação de minorias, espaços urbanos negligenciados, levando em consideração as noções de ubiquidade das redes tecnológicas e da mobilidade inerente a esse fenômeno.
"Mobilities has become an important framework for understanding and analyzing contemporary social, spatial, economic and political practices. Mobilities research is interdisciplinary, focusing on the systematic movement of people, goods and information that “travel” around the world at speeds that are greater than before, creating distinct patterns, flows– and blockages. Mobilities research contributes to the study of these technological, social and cultural developments from a critical perspective. The theme of this year’s conference is “Differential Mobilities: Movement and Mediation in Networked Societies”. The term ‘differential mobilities’ has been deployed to describe dynamics of power within networked societies. When we conceptualize movement, mobility, or flows within spaces and places, we need to account for the systemic differences within infrastructures and terrains that create uneven forms of access. ‘Differential mobilities’, conceptually, highlights how exclusions occur, creating striations of power. It draws attention to differences in how these inequalities are experienced, the strategies for resistance, and the processes of mediation that have been implemented to instigate change.Disciplines represented at the conference may include (but are not exclusive to): Anthropology, Architecture and Design, Civil and Environmental Engineering, Communication, Criminology, Cultural Studies, Geography, Media, Sound and Visual Arts, Politics and International Relations, Public Policy, Sociology, Theatre and Performance Studies, Tourism Research, Transport Research, and Urban Studies."
A primeira palestra que tive a oportunidade de assistir foi ministrada pelos professores Lewis e Fragnito, ambos da Concordia, ambos descendentes de povos nativos (ele dos Mohawk da California e ela das Primeiras Nações do Canadá).

O trabalho deles, entitulado Espaços Aborígenes no Ciberespaço foca as várias atividades de integração e valorização da cultura das Primeiras Nações, especialmente, em matéria de novas tecnologias. Eu fiquei, pra minha sorte, bastante íntimo do professor Lewis e pude conversar com ele e assistí-lo dando aulas e palestra pelo menos quatro vezes. E ele em várias ocasiões me deu a seguinte linha como a principal justificativa para seu trabalho: como podemos pensar na preservação da cultura dos povos aborígenes sem imaginar um futuro para eles? Essa articulação entre passado e futuro, essa conjugação entre stillness e mobility, é o núcleo dos dois trabalhos que eles apresentaram: Time Traveller e SKINS.

Em Time Traveller (que vocês podem dar uma olhada através do link acima) os dois pesquisadores misturam animação por computador (CGI + 3D animation) para criar vídeos que apresentem a cultura das primeiras nações, momentos históricos e lendas, através de uma linguagem tecnológica e profundamente utópica que arrisca-se a imaginar um futuro com a presença desses povos não como relíquias de museu e reservas fechadas e esquecidas pelo mundo, mas como partícipes de uma civilização nova, ocidental e aborígine. Desde o site até a própria experiência diegética dos episódios da série é criada a ideia de que aquele é um dispositivo real e aqueles momentos reais da história passada, presente e futura não apenas desses povos nativos do continente norte-americano, mas de uma hibridação cultural auxiliada pela tecnologia.

SKINS se trata de uma oficina de game production/game design - ou, nas palavras de Fragnito, workshops on aboriginal storytelling in digital media. Indo para sua quinta edição, essas oficinas buscam aproximar (especialmente os jovens) que vivem nas muitas reservas das Primeiras Nações da arte e técnica de produção de jogos digitais. É uma das experiências mais emocionantes às quais fui exposto durante minha estada aqui em Montréal: desde a história do jogo, até o cenário e a jogabilidade são decididos através de uma exposição daquela cultura, aproximando a tradição ancestral da programação de jogos. A experiência é ainda mais fascinante e enriquecedora porque os programadores são, como muito do pessoal que trabalha com produção de jogos (especialmente no TAG Lab, do qual já falei e ainda falarei num próximo post) são de incontáveis backgrounds culturais, raciais e nacionais: há uma verdadeira experiência de troca não apenas técnica, mas também cultural.

A segunda palestra que consegui assistir foi a da professora Giselle Beiguelman.
"We have been “cyborgized” by our cell phones, which are a kind of permanent connection point that expand our bodies and locate us in a temporality of an eternal now. Screens of different sizes, with constantly updating features, reshape notions of domestic space and privacy. Applications of Augmented Reality insert layers of information in the urban environment and redefine public space. The materials of the objects around us are the result of chemical equations and people remodel themselves in surgical centers that turn us into compounds of botox, silicone, flesh and blood. Our food comes from laboratories and scientists promise us a world populated by clones and new artificial beings. We live-mediated by social networks such as Twitter and Facebook, and the Internet is one of the privileged stages of political mobilization. Without doubt, we can say that the virtual age ended in the first decade of this century. Reality swallows everything and then positions us in the center of interconnected networks that are accessed, literally, through the palm of our hand. In this presentation I will discuss how artists and designers are responding to this emerging context, exploring new interface models and formulating critical points of view to control strategies and overwhelming mass consumption"
Pra quem não conhece, ela é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, com muitas obras e presenças em eventos e estuda os aspectos urbanísticos (principalmente) das novas tecnologias. Ela está no twitter e facebook (e inclusive é amiga de figuras muito mais conhecidas nossas, como Adriana Amaral, Erick Felinto, Suely Fragoso e Sandra Montardo. Na sua fala ela começou falando sobre o anacronismo da oposição entre real e virtual e sobre a emergência de culturas em rede, de uma intersubjetividade nodular. Ela pesquisa muita arte e urbanismo e apresentou diversos eixos nos quais está envolvida, começando pelas experiências iniciais com o GoogleGlass e outros dispositivos de realidade aumentada, passando pela "Cozinha Viva" de Michael Harboun (que vocês podem ver um pouco no vídeo abaixo).


Ela falou de muitos outros projetos com os quais está envolvida, como o TaT, Next Nature e Suite 4. Vocês podem encontrar mais sobre esses projetos pesquisando sobre ela. Ela encerrou sua apresentação falando sobre sua instalação artística, o U R Not Here (que vocês podem dar uma olhada no video abaixo). Interessantemente essa ideia de construção de cidades na qual esse projeto está amparado foi uma ideia bastante recorrente na minha estada aqui em Montréal (falarei mais sobre isso no próximo post). A palestra da professora foi uma das mais densas do evento e foi realmente fantástica.



URnotHere - interactive installation by Giselle Beiguelman & Fernando Velázquez from Fernando Velazquez on Vimeo.

A terceira fala que tive a chance de assistir foi da pesquisadora norte-americana Micha Cárdenas que falou sobre Autonets, um conceito que pretende englobar a materialidade das redes tecnológicas sendo criadas e gerenciadas por minorias na América Latina, Central e do Norte.
"My work on the Transborder Immigrant Tool, a project to turn used cell phones into devices that provide physical and poetic sustenance to people crossing the US/Mexico border, led me to Local Autonomy Networks (Autonets), which is being developed in collaboration with community-based organizations in Los Angeles, Detroit and Bogotá, Colombia. Autonets has the goal of building networks of safety for queer and trans people of color using a range of technologies including wearable electronics and non-digital embodied communication methods. Digital technology is the basis for an epistemology often referred to as “the digital” which is imbricated with western logics. To work towards post-digital networks is to participate in a decolonization of technology and to imagine possibilities that both precede and follow the digital. My intervention is to make a trans of color critique, taking inspiration from queer of color critique, that rejects the binary logic of the digital and looks to oppressed communities for alternative logics"
Cárdenas é transexual e utiliza suas experiências de vida como influência direta na criação de experiências artísticas digitais e como centro de seu foco de pesquisa. Ela apresentou diversos projetos dos quais vem participando, a começar por Transborder Immigrant Tool. Nesse seu mais recente projeto ela e uma equipe de técnicas ajudaram a repropositar telefones celulares ultrapassados com GPS autônomo (no Brasil esses aparelhos não foram tão populares: de várias marcas, eles possuem o que se chama de GPS direto, como o que alguns carros ainda utilizam, através de conexão telefônica GSM simples) para servirem de ferramenta de auxílio para imigrantes ilegais que cruzam a região desertificada do norte do México para entrar ilegalmente nos EUA. Esses celulares, então, ligam-se a uma rede autônoma que orienta o imigrante a encontrar caminhos seguros de predadores, acidentes geográficos e unidades de armazenamento de água. Essas "intervenções éticas", como Cárdenas chama, são uma expressão da "ciência dos oprimidos" que busca se libertar da violência enquanto forma de controle do movimento. 

Outro projeto apresentado por ela, baseada na muito interessante ideia de um "futuro telepático pós-digital", busca proteger minorias sexuais e trabalhadores sexuais através de hoodies, sapatos de salto e outras vestimentas "ciborguizadas": esses objetos cotidianos são apropriados e transformados através de tecnologias apropriadas de RFID e celular para gerarem redes de auxílio e informação entre essas minorias. O hoodie, por exemplo, serve para que as próprias pessoas partícipes dessas minorias possam fazer uma vigilância sobre si mesmas, criando uma rede de auxílio e de alerta em caso de violência, etc. Os sapatos de salto usados por trabalhadoras sexuais servem de botão de pânico, podendo avisar colegas de trabalho nas ruas ou até mesmo a polícia, sendo equipados com GPS. 

Ela finalizou sua apresentação falando sobre os trabalhos do "We Already Know and We Don't Already Know", um projeto que visa dar vozes as minorias sexuais e raciais nas periferias de grandes centros urbanos das Américas, como Los Angeles e São Paulo, através de ações artísticas nas ruas .

Esse evento foi muito legal e uma das oportunidades mais interessantes que eu tive pra vislumbrar o cenário teórico e acadêmico da área para a qual nos dedicamos aqui no grupo. Foi muito interessante ouvir pessoas de vários lugares do mundo engatadas em ótimas discussões sobre mobilidade, redes, etc., e foi bem magnífico ver as apropriações de teóricos tão díspares de muitas das nossas bases teóricas (de Latour a Heidegger, de McLuhan a Derrida, de Deleuze a Jorge Luis Borges).

Como nota de conclusão, queria dizer que existe a possibilidade desse evento vir para o Brasil (mais especificamente para o Rio ou SP) em 2014 ou 2015. Ele é um evento internacional que já aconteceu em diversas cidades do mundo. Vamos torcer, né?

E quem quiser ver mais sobre esse evento maravilhoso e sobre o Mobilities.ca, que ajudou a organizar e documentou várias coisas durante o evento, pode olhar a página deles no Vimeo (aqui) ou o site deles (aqui) com muitas informações sobre as palestras (inclusive os abstracts completos de todas as palestras).

No próximo post...

Pratices of World Building - Fans, Industries, Media Fields
Outra conferência internacional que tive a chance de participar (dessa vez, como ouvinte, de todos os dias e todas as palestras) contando com presenças como Mark J.P. Wolf,  Jean-Marque Leveratto (estudante do Latour), Jim Collins, Matt Hills (autor importantíssimo sobre fan-culture, prefaciado por Jenkins) e Alexander Zahlten.

Essa pesquisa e essa visita à todas as instalações da Concordia University são patrocinadas pelo programa PDSE de Doutorado-Sanduíche da Capes/BR (processo 1899-01-2) e possibilitadas pela orientação do Prof. Dr. Ollivier Dyens, vice-reitor de Aprendizado e Ensino e professor titular do Departamento de Estudos de Francês.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Reunião grupo de estudos 06 de junho

Narrativas digitais interativas

Apresentação: Juliano Dornelles
Relato: Aline Mello

A discussão da reunião foi em cima do texto Narrativas digitais interativas e o uso da tecnologia como narrador implícito, de Alexandre S. Kieling e do GT de Estudos de Televisão, apresentado pelo integrante do Ubitec, Juliano Dornelles. O texto trata das narrativas interativas e de sua evolução, e da alteração nos papeis narrativos do audiovisual. Com a produção de conteúdos ao alcance de todos, a grande mídia produz cada vez mais para o meio digital, se preocupando com narrativas transmídia. A rede também permite a criação de uma conversação, através de comentários de quem assiste ao conteúdo, que vai pautando os próximas narrativas, ajudando a construí-las. Além disso, com a internet, aumentou o interesse das pessoas em consumir individualidades, como é o caso visto em vídeos do Youtube de humoristas independentes, e como também é visível em programas de Reality Show, por exemplo. 

Comentamos também, que com a propagação dos sites de redes sociais, como Instagram e Foursquare, inseridas em um contexto de conexão ubíqua, criam-se ainda mais narrativas individuais, e a necessidade de 
compartilhar aspectos pessoais da vida privada, justamente alimentada pelas pessoas, que hoje tem interesse em consumir esse tipo de informação. A busca pelo fortalecimento do ego é percebido muito fortemente nas redes sociais. Foi lembrado então, na reunião, do livro de Paula Sibília, "O Show do Eu". Lembramos também das comunidades do Orkut, em que havia essa identificação entre as pessoas, que fazia com que o diálogo acontecesse. É a identificação que faz com que alguém tenha vontade de ler algo tão pessoal sobre outra pessoa.

Comentamos então que o tempo de uma narrativa digital funciona com uma lógica diferente, pois é dado em tempo real. Foi o que aconteceu nas redes sociais de pessoas que estavam na Boate Kiss, em Santa Maria, no dia do incêndio ocorrido em fevereiro. Diversas postaram fotos e comentários minutos antes do incêndio. Ao mesmo tempo em que as informações são em tempo real, são permanentes, e por isso, recebidas muitas vezes fora de contexto, deixando de fazer sentido. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013


Ubitec no XIV  Congresso Brasileiro de Comunicação na Região Sul -  Intercom Sul

Por: Liana Gross Furini




De 30 de maio a 01 de junho aconteceu o XIV Congresso Brasileiro de Comunicação na Região Sul, o Intercom Sul, que contou com pesquisadores e acadêmicos da comunicação dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A edição de 2013 do Intercom Sul aconteceu na Universidade de Santa Cruz do Sul – Unisc.

O encontro teve mais de 100 apresentações de trabalho nas áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Comunicação Organizacional, Comunicação Audiovisual, Comunicação Multimídia, Interfaces Comunicacionais e Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

No dia 30/5 eu participei da Divisão Temática de Comunicação Audiovisual com a apresentação de um artigo intitulado Internet Como Meio de Acesso a Obras Cinematográficas por Canais Oficiais e Extra-oficiais: evidências da pirataria na circulação do filme Deixa Ela Entrar, criado por mim e por meu orientador, Professor Dr. Roberto Tietzmann.

Foto: Roberto Tietzmann

Segue resumo do artigo:

Desde a popularização da internet doméstica ela foi se tornando peça fundamental na divulgação de obras audiovisuais. Quando se trata de filmes fora do circuito pop, ela deixa de ser apenas meio de divulgação e passa a se tornar, também, meio de acesso a essas obras, já que elas não costumam fazer parte do acervo das lojas e locadoras. Esse trabalho tem como objeto de pesquisa o filme Deixa Ela Entrar, dirigido por Tomas Alfredson, e as janelas de circulação das obras cinematográficas no contexto contemporâneo, pautado pela facilidade de circulação de arquivos trazida pela Internet. Esse artigo faz parte de uma pesquisa de mestrado, na qual é proposta a criação de uma metodologia para delimitar os espaços e práticas da pirataria cinematográfica, determinando elementos que tornem possível verificar a circulação extraoficial de um filme na Internet.


O congresso foi muito produtivo. Além das participações nos DTs, assistimos à ótimas palestras e ficamos a par sobre as pesquisas que estão acontecendo no país.

Reunião Grupo de Estudos  - 16 de maio de 2013

Ubiquidade e Práticas Profissionais

Apresentação: Aline Mello e Bruna Goss
Relato: Liana Gross Furini

No dia 16 de maio de 2013, quinta-feira, o grupo de estudos do Ubitec teve uma reunião envolvendo a apresentação de textos com a temática “Ubiquidade e Práticas Profissionais”. Os textos apresentados foram “The Future ofJournalism: Networked Journalism”, de Bregtje Van Der Haak, Michael Parks e Manuel Castells, apresentado por Aline Mello, e  “Notícias e Mobilidade: Jornalismo na era dos Dispositivos Móveis” de João Canavilhas, apresentado pela Bruna Goss.

No texto apresentado pela Aline, os autores defendem que, ao contrário do fim do jornalismo, as novas tecnologias proporcionadas pela organização da sociedade em rede, permitem a produção de um jornalismo melhor. A crise não seria do jornalismo, e, sim, do modelo de negócio de mídias de massa como o jornal. Neste novo jornalismo, a função do jornalista muda. Com informações de múltiplas fontes ao acesso de todos, o jornalista terá que ser cada vez mais um profissional com alta capacidade analítica, e de organização em rede, além de saber contar histórias. Os autores apontam então como importante a especialização de cada jornalista em uma dessas tarefas, como a análise avançada de dados, para que estes papeis se complementem no jornalismo em rede.

O texto apresentado pela Bruna falava da produção de noticias para tablets e dispositivos móveis em geral. O autor acredita que a leitura feita em um dispositivo móvel é mais relaxada, com mais tempo, normalmente feita em um momento pós-expediente. Portanto, a produção das notícias para esse tipo de dispositivo vai pro lado do entretenimento. Isso configura a volta do horário vespertino das notícias, que são lançadas entre as 17h e 18h. A Bruna comentou que ainda existe pouca personalização das noticias para tablet, utilizando pouco o potencial do dispositivo. Em contrapartida, as notícias criadas com esse fim abusam da interatividade e da multimidialidade, tendo como base uma lógica das sensações, de que tudo precisa ser expandido. O Globo está usando esses recursos para transformar assuntos sérios em matérias interativas, visando o que eles chamam de “infotrenimento”. O jornalismo não é mais só texto, mas texto, vídeo, infográficos, e isso nos torna mais íntimos das notícias. A lógica das sensações prevê que a notícia não deve mais ser apenas lida, precisa ser experimentada.

O debate sobre os textos falou sobre o ponto de vista do jornalista, que vem mudando muito com as novas tecnologias, já que qualquer pessoa tem celular, tablet, computador, e pode dar o seu ponto de vista sobre qualquer assunto. Todo mundo se tornou produtor de conteúdo, e os canais tradicionais têm se apropriado de textos, vídeos e fotos de leitores e colocado no ar. Existe também algumas notícias que não precisam mais ser escritas por um jornalista: é só imputar os dados que o próprio computador a escreve. Dessa forma, o grupo conversou no sentido de que a própria formação do jornalista deve sofrer mudanças.


Os contratos de comunicação vêm se ampliando graças à materialidade. Muitos aspectos do material impresso estão sendo transpostos aos dispositivos móveis para manter essa materialidade, como a sensação de virar a página que os jornais mantém nos seus app's para mobile, tudo isso voltado à questão do consumo de experiência que se busca atualmente.

quarta-feira, 15 de maio de 2013


Reunião Grupo de Estudos  - 02 de maio de 2013

Política e Tecnologias

Apresentação: Luiza Santos e Guilherme Pereira
Relato: Aline Mello

No dia 2 de abril, quinta-feira, a reunião de estudos do Ubitec teve como temática “Política e Tecnologias”, com textos apresentados pelos colegas Luiza Santos e Guilherme Pereira. A Luiza falou sobre o texto “O Linux e a Perspectiva da Dádiva”, de Renata Apgaua. O artigo trata do sistema operacional aberto Linux, que começou com cerca de dez pessoas e hoje é um movimento mundial. A autora trata ele a partir da Perspectiva da Dádiva do sociólogo Maus, e afirma que fora do estado e do mercado, a sociedade tem uma troca constante. Por isso, a sociedade contemporânea não deve ser pensada somente sob uma perspectiva utilitarista, onde existe equivalência nas trocas, que é a lógica do mercado.

O Guilherme trouxe para discussão o texto “O quádruplo A”, de Dieter Rucht, parte do livro “Cyberprotest: New media, citizens, and social movements”. O autor traz, a partir de um recorte histórico, os protestos e sua relação com a mídia de massa. Os movimentos sociais tem o objetivo de convencer o público, e, por isso, os meios de massa são importantes para sua visibilidade.

A mídia de massa precisa sobreviver, e depende da lógica do mercado, enquanto os movimentos sociais são, em princípio, movidos por uma causa, e independentes do lado comercial. A mídia precisa ser interessante, inovadora e rápida. E os ativistas podem trazer materiais interessantes para a mídia, pois seus atos envolvem emoção. Rucht observa no texto quatro estratégias dos movimentos em relação aos meios de massa: adaptação, quando jogam o jogo da mídia e tem cobertura favorável; ataque, quando não conseguem atrair a mídia e a criticam explicitamente; estratégias alternativas, quando criam seu próprio veículo; e abstenção, quando não procuram nenhum tipo de mídia. As últimas duas são independentes, já as outras atraem de alguma forma os meios de massa.

O autor trabalha com três movimentos sociais. O primeiro, a Nova Esquerda, surge na França a partir de grupos de estudantes com ideologia marxista. Estes não tinham uma relação amistosa com a mídia de massa, pois a viam como oposição, e por isso adquirem a estratégia de ataque. Após, o movimento teve desdobramento nos Estados Unidos, com o surgimento de publicações alternativas. À medida que ele cresceu, a mídia passou a falar mais.

Nos anos 70 e 80 surgem novos movimentos sociais. Eram mais numerosos e diversificados, e geograficamente mais espalhados. Articulavam sobre temas mais próximos do cotidiano das pessoas. Aos poucos, desenvolvem sua própria infraestrutura midiática alternativa. Mas, num segundo momento, a mídia vai passar a ter mais simpatia por eles, a estratégia torna-se a de adaptação.

A partir da década de 90, surgem o que o autor chama de movimentos transnacionais, que agem contra o neoliberalismo. Estes profissionalizaram o envolvimento com a mídia. A internet instigou novas estratégias e agilizou a troca de informações e a mobilização. No entanto, o autor aponta que, se as movimentações não transcenderem o ciberespaço, não será efetivo o movimento, pois precisa de um engajamento maior. Com o tempo, a mídia se tornou mais aberta aos ativistas, e, ao mesmo tempo, os ativistas adquiriram meios mais eficientes para eles mesmos se divulgarem. Porém, ainda é uma relação frágil e assimétrica.
Após a apresentação dos temas abordados nos textos, discutimos sobre o sistema do Linux, pois hoje ele pode ser comprado, o que iria contra a lógica de sua criação. No entanto, a venda é de algo que é feito a partir do Linux, e de seu suporte. Mesmo assim, a primeira ideia, como apresentado no texto discutido, seria não vender. O software livre, como observamos, tem muito a ver com a cultura contemporânea ativista. De acordo com Drucht, seria alternativa a estratégia destes ativistas do software livre em relação à mídia. Ao mesmo tempo, há os hackers que usam a estratégias de ataque a partir do software livre. Questionou-se então até que ponto as pessoas se mantém ativistas. Há alguns hackers, por exemplo, que se unem ao mercado e ao governo para testar a segurança de sistemas.

Discutimos então a importância das redes sociais na internet e dos blogs na constituição de uma mídia alternativa. Lembramos do caso do Occupy Wall Street, que era deslegitimado pela mídia. Se não houvesse Twitter, as pessoas talvez também teriam essa mesma visão ruim. Mencionamos a produção de documentários sobre esses movimentos. Às vezes, o cinema acaba fazendo um papel melhor que o jornalismo tradicional nesse sentido.

Voltamos a discussão então ao protesto contra o aumento do valor das passagens de ônibus em Porto Alegre. Percebeu-se uma tentativa clara do jornal Zero Hora em mudar a imagem da cobertura do protesto das passagens de ônibus  a partir de reclamações e comentários das redes sociais, o que mostra que estes sites podem servir como influência na cobertura de movimentos para a mídia de massa.

O texto de Drucht já falava da luta por atenção e visibilidade por parte dos movimentos, e, conforme discutido, isto está cada vez mais gritante nas redes sociais.